segunda-feira, 14 de março de 2016

OS SEGREDOS DE GRAY MOUNTAIN

O último livro de John Grisham publicado em Portugal tem a particularidade de divulgar crimes contra o ambiente que decorrem há cerca de 30 anos nos estados da Virgínia e do Kentucky, nos EUA - a impunidade da atuação das grandes empresas carboníferas que exploram a zona, destruindo montanhas uma após outra, arrasando o arvoredo e atirando a lama resultante da lavagem do carvão encostas abaixo, o que acabou por poluir  os rios e fontes de água natural, provocando doenças graves  tais como o cancro. E porque é que eles fazem isso? Pois, está claro, é o velho capitalismo na sua pior faceta, na ganância desenfreada das empresas gerarem mais lucro e mais rápido extraindo o carvão do cume em vez das anteriores minas subterrâneas, e munindo-se de advogados especialistas na matéria, subornando fiscais, polícias e juízes, tornando impossível que a população local empobrecida consiga meios para os combater judicialmente. Mais, muitos dos mineiros que lá trabalham têm as mãos e os pés atados, correndo o risco de perder os únicos empregos existentes na região.

É esta a história absolutamente espantosa em pleno século XXI, que serve de pano de fundo ao relato de Grisham. Devidamente romanceada, já se vê, em forma de thriller empolgante. E só por essa denúncia, já valia a pena lê-lo.

O ponto que considerei mais negativo no livro foi a fraca protagonista, Samantha Kofer. uma promissora advogada que trabalhava numa grande firma de NY e que acabou por ser despedida, na sequência do escândalo financeiro de 2008. Para manter a hipótese de regresso à firma aceita um estágio não remunerado nessa zona  dos EUA e é aí que conhece a dimensão do problema. Mas é um bocado indecisa e legalista demais, até para quem usa e abusa de golpes baixos, pelo que não provoca grande empatia com o leitor. Ou, pelo menos, com esta leitora...

Citação:
"Perdemos cerca de seiscentas montanhas nos últimos trinta anos para as minas de superfície e, a este ritmo, não devem restar muitas. A procura do carvão está a aumentar, o preço está em alta, por isso as empresas apresentam cada vez mais pedidos de licenças para iniciar novas explorações."

18 comentários:

  1. Anónimo3/14/2016

    Uma escrita muitíssimo interessante, Teté.
    Boa semana.

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    1. Um escritor muito empolgante mesmo, OBSERVADOR! :)

      Boa semana também para ti!

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  2. Um livro sério portanto
    Quando li, não li bem o título e pensei que era outra a montanha LOL


    Blog LopesCa/Facebook 

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    1. O tema é sério, o livro é de ficção, LOPESCA. Mas aqui dá ideia que oescritorescreve esta história para denunciar este escândalo ambiental.

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  3. Só li um romance de John Grisham, mas vejo na TV todos os filmes baseados nos seus romances.

    Semana feliz com boas leituras, Teté!

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    1. Nos últimos tempos tenho lido vários, EMATEJOCA, só passo ao lado alguns que já vi em filme, que não gosto de ler depois de ver... ;)

      Obrigada e igualmente!

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  4. Este vai para a lista, mesmo.

    Sabes que existe o dono de uma mina estado-unidense afirmando que não limpa as escórias derivadas da mineração porque Jesus está para chegar muito em breve ? Se fosse coerente , então deveria parar a laboração, pura e simplesmente!

    Beijinhos

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    1. Pelo que li no livro, SÃO, aquela gente é mesmo a pior escumalha à face da Terra. E hipócritas, ainda por cima!

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  5. Já li dois ou três livros dele. Faz tempo. :)

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  6. Muito em breve vou “regressar” aos livros de John Grisham. Há alguns que ainda não li.

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    1. Há alguns que não vou ler, CATARINA, pois vi os filmes e lembro-me bem deles. É o caso de "A firma" e "Tempo de matar". Este último então é particularmente marcante... ;)

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  7. Vou registar sugestão para próxima ida a Fnac ou Bertrand, obrigada :)
    um beijinho e uma boa semana
    Gábi

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    1. É para contrabalançar as boas sugestões que me tens dado, REDONDA, e que me têm feito poupar alguma massa... :)

      Beijoca e boa semana!

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  8. Registo a sugestão.
    Para procurar adquirir aqui na Livraria Portuguesa.
    Beijocas

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    1. Nem sabia que havia um livraria portuguesa em Macau, PEDRO. E tem muita saída? ;)

      Beijocas

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  9. Anónimo3/15/2016

    Finalmente, parece que consegui recuperar a concentração e o interesse pela leitura. Tenho muito para recuperar e, para recomeço, estou a ler o prémio Leya de 2015 " O coro dos defuntos".

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    1. Ainda bem que recuperou o gosto pela leitura, CARLOS, que é sempre uma vantagem para "viajar" nos tempos livres... :)

      Esse ainda não li!

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)