quinta-feira, 23 de julho de 2015

O MORCEGO

À beira-mar também se lê, ou, melhor dizendo, as esplanadinhas são um lugar ideal para pôr leituras em dia. Por sinal este "O Morcego" de Jo Nesbo motivou uma mini-conversa com duas escandinavas, que ficaram muito satisfeitas por eu estar a ler (e a gostar d') o escritor norueguês - depois ainda falaram entre elas sobre Camilla Lackberg, mas foi a única parte da conversa que entendi, já que não sou versada nessas línguas nórdicas.

Este é o primeiro volume da série Harry Hole, que Nesbo começou a escrever em 1997. O segundo volume, escrito no ano seguinte, ainda não foi publicado cá, mas depois desse existem outros seis já traduzidos e editados em Portugal. Convém salientar que as histórias são estanques, o que não invalida que a personagem principal não vá evoluindo ao longo dos anos, casando, descansando, etc. e tal. O que se sabe (e sempre se soube) é que Harry Hole é um inspector da polícia norueguesa, que teve um problema de alcoolismo e que de vez em quando (ainda) tem recaídas. Estamos no domínio do policial, portanto!

Desta vez, Harry Hole vai auxiliar a polícia australiana a deslindar um caso aparentemente simples, que envolve uma jovem apresentadora televisiva norueguesa estrangulada. Embora de início a sua colaboração seja vista com alguma desconfiança, até pelo mediatismo do crime, é-lhe atribuído um parceiro aborígene que lhe vai explicando algumas das características e excentricidades das (con)vivências locais. No entanto, sem que nada o faça prever, o caso complica bastante, os crimes sucedem-se em catadupa e das 388 páginas resulta um autêntico banho de sangue, onde nem sequer faltam guilhotinas, crocodilos a tubarões...  

Como já referi anteriormente, estou em crer que os livros de Nesbo são apenas para fãs empedernidos de policiais, pois quase todos (os que li) se caracterizam por uma grande violência. O que nem toda a gente aprecia, evidentemente!

Citações:

"A seguir a São Francisco, Sidney tem a maior população gay do mundo - respondeu Andrew. O interior australiano não é famoso pela sua tolerância à diversidade sexual, portanto não surpreende que todos os jovens campónios bichas da Austrália queiram vir para Sidney."

"Mas também entendo que o mundo seria um lugar muito diferente sem os ideais que aquela geração [flower power] defendeu. Slogans como paz e amor podem ser clichés agora, mas, na altura eram sentidos. Do fundo de todos os nossos corações."

"- A maioria dos habitantes locais tem em relação aos crocodilos a mesma atitude descontraída que tem para com os acidentes rodoviários. Ou quase. Se queres estradas, tens de aceitar as mortes, certo? Pois bem, se queres crocodilos, é a mesma coisa. Estes animais comem seres humanos. É a vida."

10 comentários:

  1. Já confirmei que os escritores noruegueses e escandinavos gostam de descrever as cenas de crimes de forma muito pormenorizada.

    Livros policiais, esplanada virada para a praia, uma cerveja e talvez uns caracolitos... (sabes que os algarvios gostam muito de usar diminutivos) que mais se pode desejar?! : )
    Continuação de boas férias.
    Bjos

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    1. Verdade, CATARINA! Por vezes com descrições um bocado sanguinárias para o meu gosto, mas mesmo assim não deixo de ser fã... ;)

      Obrigada e beijocas!

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  2. Parece ser boa a sugestão!
    Gosto de ler policias, gosto de mar, não tanto de esplanadas! Mas ando tão mandriona para ler aqueles que estão na fila esperando.

    Beijinho Teté e bons momentos.
    Adélia

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    1. Todos temos períodos em que a vontade de ler é menor do que o habitual, ADÉLIA!

      Obrigada e beijocas! :)

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  3. Gosto de policiais. E gosto sobretudo daqueles em que todos as personagens são insuspeitas embora como leitor eu esteja sempre desconfiando de todas. E satisfaz-me quando a conclusão leva a uma que, apesar de alguns indícios, poderia ser ou não a culpada; se "malgré" as desconfianças podem indiciar a culpa de uma mas ao mesmo tempo indica outra então sim, é o enredo que me satisfaz e não as atrocidades descritas por mais bem detalhadas que sejam.
    Manias!
    Beijkas com detalhes sorridentes

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    1. Somos dois a gostar, KOK! E não faço exclusão nenhuma, desde que a história faça sentido - não há coisa que mais me chateie que um policial em que o escritor se baralha,como li um recentemente de Pedro Garcia Rosado. Quer dizer, faz sentido que alguém guarde uma pistola com duas balas (ou carregada ou descarregada, não?)? Que depois mais à frente afinal eram três? Não há pachorra... :P

      Um dos últimos que li da Ruth Rendell o inspector insistia sempre que o culpado era um cúmplice do marido da vítima. E era,mas mesmo assim ela consegue dar a volta ao texto e o final é imprevisto! :)

      Beijokas sorridentes!

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  4. Os filmes e os romances escandinavos caracterizam-se por uma extrema violência como pela extraordinária qualidade.

    Continuação de boas leituras a tomar o gosto na boca da sede.

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    1. Verdade, EMATEJOCA! Mas seria imperdoável se a violência fosse só gratuita, não é?

      Obrigada e boas leituras para ti também! :)

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  5. Ainda não li nenhum dos seus livros, mas vi um filme que era baseado num mdeles (o personagem dedica-se a burlas e a certa altura é escolhido como vítima para crimes maiores) e gostei.

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  6. Eu já li quatro, REDONDA, e ainda tenho outro para ler... Mas vou intervalando, que mesmo os autores que gosto prefiro intercalar com outros, para não se tornar tão "mais do mesmo"... :)

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)