sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

TRUMBO

Este filme decorre numa época pouco documentada, logo a seguir à II Guerra Mundial e até ao início dos anos 60, em que o anticomunismo primário estava ao rubro, com o McCarthismo e o código de Hays (um sistema de censura que proibia expressamente que no grande ecrã surgissem cenas de nudez, prostituição, violência excessiva, alcoolismo, blasfémia, ou seja, tudo dentro da moral e "bons" costumes vigentes). Em Hollywood, esta "caça às bruxas" do século XX foi particularmente feroz, colocando centenas de atores, atrizes, argumentistas, músicos, produtores, realizadores e por aí adiante na tristemente famosa lista negra. 

Dalton Trumbo era, em 1947, um dos argumentistas de maior nomeada, mas ao recusar-se a responder perante uma comissão parlamentar de inquérito (e denunciar os colegas suspeitos de serem simpatizantes comunistas), foi preso e posteriormente impedido de trabalhar. Teve de se mudar da sua magnífica casa à beira lago, com toda a família, para uma mais pequena e citadina, onde acabou por arranjar um esquema para escrever argumentos de segunda categoria: bastava arranjar alguém que assinasse por ele. Às tantas o trabalho era demasiado e chamou alguns dos seus colegas em idênticas circunstâncias  para o ajudarem na tarefa. O que ganhavam estava longe das quantias generosas de outros tempos, mas pelo menos dava-lhes para sobreviver e sustentar a família - no caso de Trumbo, mulher e três filhos. Apesar de todas estas dificuldades ganhou dois Oscares, confortavelmente sentado no sofá da sua sala, que só muitos anos depois viria a receber fisicamente (um dos quais, já postumamente).

Enfim, como já referi, este período negro da história da América, em geral, e de Hollywood, em particular, não costuma ser tema dos filmes hollywoodescos. Quiçá por vergonha, mas há quem diga que ainda é um assunto fraturante nos grandes estúdios cinematográficos. Também não é costume ver algumas das suas estrelas retratadas tão impiedosamente, como John Wayne ou Edward G. Robinson. Por seu turno, Kirk Douglas ou Otto Preminger, os primeiros a dar oportunidade a Trumbo assinar os argumentos com o seu próprio nome, passado o período mais conturbado, saem bem vistos no ecrã.

Quem está de parabéns é Bryan Cranston pela sua genial interpretação, que já lhe valeu a nomeação para o Oscar de melhor ator deste ano. Que é improvável que ganhe, já que todos os entendidos dão como certo que seja Leonardo diCaprio a levar para casa a cobiçada estatueta. Seja como for, a nomeação já não é de desprezar. E por falar nisso, estão lembrados que a cerimónia da entrega dos Oscars é já na madrugada da próxima segunda-feira? Vou estar atenta, as usual (se bem que, este ano, só tenha visto este filme dos nomeados)...

Podem espreitar o trailer aqui.


BOM FIM DE SEMANA!
(cinéfilo ou não...)
Imagem de cena do filme, da net.

13 comentários:

  1. Acho que o vou ver este FDS:). Já tive outra boa crítica e também me disseram que o actor em causa merecia mais o óscar do que Leonardo di Caprio, crendo tb que Leonardo o vai ganhar. Coincidência de opiniões.
    BFS

    ResponderEliminar
  2. Anónimo2/26/2016

    Depois de Spot Light e Wall Street, este é o próximo da minha lista.
    Bom fim de semana também para si, Teté. Beijinhos

    ResponderEliminar
  3. Julgo não ir perder... é um período negro, que deixou sequelas... o filme lembra um outro, "O Testa de Ferro" de Martin Ritt, com Woody Allen... não sei se o encontra no YouTube, vale a pena!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É, sem dúvida, um filme a não perder, Rogério.

      Eliminar
  4. Vou começar por ver o desfile na passadeira vermelha pelas 18:30! : )
    Melhor filme: The Revenant
    Melhor ator: Leonardo
    Melhor atriz: Brie Larson (The Room)
    ...

    ResponderEliminar
  5. Vou tentar ver o desfile, mas gostei do que li sobre este filme, parece-me bem interessante dada a forma tão bem feita como o descreveste.

    Beijinhos Teté

    ResponderEliminar
    Respostas

    1. Ao ler o teu post Teté pensei, imaginem como ficaria o tal pessoal do
      "código de Hays (um sistema de censura que proibia expressamente que no grande ecrã surgissem cenas de nudez, prostituição, violência excessiva, alcoolismo, blasfémia" se voltassem e vissem o tipo de filmagens que nos dias de hoje invadem os cinemas e as televisões ??!

      com este pensamento, desejo-te um feliz fim de semana
      Angela

      Eliminar
  6. Apesar das críticas favoráveis ao filme TRUMBO e ao facto de ser um filme imperdível, com uma representação brilhante do actor Bryan Cranston, nomeado para o Oscar de melhor actor, a minha preferência vai para o injustiçado Leonardo DiCaprio, que há vinte anos é nomeado e nunca conseguiu levar a cobiçada estatueta.
    Irei ver em diferido. Já vai longe o tempo em que me aguentava até fora d'hoas, só para ver em directo, as estrelas das quais era grande fã,
    Hoje, continuo cinéfila, ma nom troppo!

    Beijocas, Teté e bom domingo na passadeira vermelha. :)

    ResponderEliminar
  7. Estava a pensar ir ver este mas depois adiei.
    um beijinho e um bom Domingo.
    Gábi

    ResponderEliminar
  8. Já está:). Gostei. E tem na verdade óptima interpretação.

    ResponderEliminar
  9. Estou a ouvir a cerimónia em directo agora.
    Beijocas, boa semana

    ResponderEliminar
  10. Hollywood no início dos anos 60, com o McCarthismo e o código de Hays, uma terrível caça às bruxas.

    Vi o desfile na passadeira vermelha e a cerimónia até às 6 horas da manhã daqui... e valeu mesmo a pena.

    ResponderEliminar

Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)